Lançado em 1964, o Ford Mustang passou por uma transformação nas últimas cinco décadas. Deixou de ser um “muscle car” para se tornar um ícone da cultura pop. Quem não gostaria de ter um Eleanor, um Bullitt na garagem? Bom, muitos caras gostariam – e acabam dedicando suas vidas a isso. Bem-vindo ao mundo dos colecionadores de Mustang.

“É um grupo muito heterogêneo, vai desde funcionário público até juiz, empresário. A única coisa em comum é que quando todos se encontram, eles só falam de carro”, brinca Luiz Carlos Perosa, fundador do Clube do Mustang de São Paulo, entidade que organiza eventos para reunir donos e entusiastas.

Há outros dois clubes do tipo no Brasil, no Paraná e em Minas Gerais. Juntos, os eles fazem uma espécie de catalogação informal dos carros dos seus membros  – quem tem qual modelo, de qual ano, etc. Mesmo assim, o número de Mustangs de todas as épocas circulando no país é incerto. Segundo a Ford, são dois mil carros regularizados no Registro Nacional de Veículos Automotores (o famoso RENAVAM), mas como ele só foi criado em 1990, é bem provável que existam mais alguns que viraram sucata ou nunca foram registrados. Não são muitos, então pode ser difícil ter um Mustang para chamar de seu.

Há um caminho mais fácil, que é comprar um novo. A Ford agora traz os modelos fresquinhos direto dos EUA, onde todos são fabricados, e vende oficialmente em suas concessionárias – o modelo 2018 sai a partir de R$ 299 mil.

E há o caminho mais difícil, que é comprar um antigo.

Para começar, é preciso ter um bom dinheiro guardado, de R$ 100 mil (por um carro encontrado nos EUA em bom estado e importado para cá) a R$ 350 mil (por um completo e original no Brasil), ou muita disposição. “São duas maneiras de encontrar um Mustang antigo”, diz Marcelo Simionato, dono de seis – incluindo um Fastback 1968, mesmo modelo do Bullitt. “Procurar algum dos clubes e perguntar se tem alguém vendendo ou frequentar as feiras. Mas aí tem que ter olho clínico, tem muito carro maquiado sendo vendido”, alerta.

Membro do Clube do Mustang, o empresário Marcelo simionato é dono de seis (Foto: Carlos Bessa)

Uma vez com o carro na garagem, o segredo é a manutenção preventiva. “Faço quase uma revisão eterna – hidratar o couro, polir, levar para passear”, conta Simionato. Há ainda quem prefira o faça-você-mesmo total, como Marcos Godoy, dono de metalúrgica que, nas horas vagas, fabrica peças para seu próprio Mustang e para os de amigos do clube. “Minha mulher fala que vai se divorciar porque eu passo a madrugada de mecânico nos carros dos amigos, mas, na verdade, fico até bravo quando pedem para outra pessoa fazer a peça e depois vem me pedir pra consertar”, diz.