Geladeiras, máquinas de lavar e outros eletrodomésticos conectados à internet não são exatamente uma novidade no mundo da tecnologia. Surgidos há alguns anos, eles ainda têm pouca utilidade para a maioria dos consumidores e são difíceis de usar. Mas durante a Consumer Electronics Show (CES), maior feira de tecnologia do mundo realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, o sonho da casa conectada ficou um pouco mais próximo da realidade, graças à popularização dos assistentes pessoais.

Esses programas baseados em inteligência artificial – como Google Assistant e Alexa, da Amazon – começaram a chegar aos smartphones em 2014, mas só ganharam força quando viraram a “alma” das caixas de som conectadas, categoria que tem registrado crescimento astronômico em vendas nos EUA. Elas permitiram que qualquer pessoa pesquise na internet, ouça receitas ou toque músicas em sua casa usando só a voz.

Assistentes de voz: sua casa conectada ao futuro

“Pesquisas indicam que crianças e idosos têm dificuldades para usar smartphones, mas adoram conversar com a caixa de som. É um dispositivo barato: por US$ 40, você consegue comprar um nos EUA”, afirma o professor Gabriel Rebeiz, membro do  Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego.

Na feira em Las Vegas, os assistentes pessoais não estavam mais presentes apenas nas caixas de som, mas apareceram integrados a geladeiras, fogões, termostatos e TVs. Os produtos foram as grandes apostas de empresas de tecnologia, como LG e Samsung, startups e, até mesmo, empresas tradicionais, como a Whirlpool (linha branca) e Legrand (lâmpadas e fechaduras).

Bate-papo. A responsabilidade dos assistentes pessoais é grande. A indústria acredita que eles serão capazes de resolver um dos maiores problemas da casa conectada: a interoperabilidade. Trata-se da capacidade de dispositivos diferentes conversarem entre si. A falta dessa integração complica a vida de quem tenta criar um sistema único, da fechadura à cozinha, sem usar produtos de um mesmo fabricante.

assistentes de voz

Conforme esses produtos vão se tornando compatíveis com os assistentes pessoais, porém, não vai mais importar a marca, mas sim com qual assistente pessoal o produto “fala”.

“O mundo ficou complexo demais para que uma única empresa desenvolva uma linha de produtos completa”, disse I. P. Park, presidente da sul-coreana LG, durante coletiva da empresa na feira. A companhia anunciou parcerias com Google Assistant e Alexa, da Amazon – os assistentes estarão presentes em eletrodomésticos, caixas de som conectadas e até mesmo em um robô, CLOi, feitos pela sul-coreana. “Queremos uma estratégia de conectividade aberta. Com inteligência artificial, as máquinas da sua casa poderão trocar dados. Você não vai mais precisar ler o manual.”

Há, porém, quem esteja tentando jogar o jogo “sozinho”. É o caso da sul-coreana Samsung, que aposta no assistente de voz próprio, a Bixby. Lançada para os smartphones Galaxy S8 e Galaxy Note 8, a assistente digital agora chega às geladeiras, TVs e aparelhos de casa da marca.